Quem sou eu?
Artista, louca, curandeira…
Procuro-me inteira,
a mergulhar no plexo solar.
Chakra terceiro.
Sede das minhas memórias
De agora, de outrora,
e de outro lugar.
Memórias fragmentos,
que trazem detentos sedimentos ancestrais.
Como um âmbar, fossilizando pensamentos,
cristalizando em imagens, Eras imortais.
Encontro-me artista,
Num teatro sem paredes.
Esculpindo minhas sombras,
Sob um filete de luz.
Elemento fogo, apetite voraz
Da emoção, uma porta de entrada
Digna de atenção e vigilância
A cercar território, impedindo invasão.
Sigo o rastro de mim mesma
Num labirinto faminto de respostas,
Onde mesmo a mesa posta, só eu posso me nutrir
Encontro a ninfa guerreira,
A criança e a anciã curandeira
Três faces de um autêntico quebra-cabeça.
A desejar como oferenda as peças,
Num entrelaçamento quântico de afetos,
Pedaços de histórias sem fim nem começo
Apenas um meio, um caminho por si só completo.
Alinhavando lembranças
Acolhendo as faltas camufladas de excesso.
Talvez um citrino pudesse expandir
A abundância de um ser divino,
A me investigar, com a força do amarelo, solar
Com a sustentação de uma calcita,
E um crisoprásio que não me deixa desistir.
Longínquas memórias da Unicidade, perplexa.
Minha mente se encontra rachada,
Polarizada, dual, a devanear
Num esboço insano e ilusório, cor de açafrão
Consciência entrecortada
Como um diafragma, que me divide
pragmaticamente entre o céu e a terra,
Como a corda de um violino
Que atravessa um humano coração.
É… Cá estou um pouco louca.
Na ousadia imperial de um topázio,
Alaranjado como meu quintal,
A abrir espaços e a criar.
A pesquisar minha origem, a investigar raízes,
A vasculhar segredos, denominar os medos,
Num misto de anamnese com efeito placebo
Num balé de morde-assopra
Que cutuca, amplia, sufoca.
Quem sou eu?
Sou um punhado do Todo,
Elixir das estrelas
Sou poesia,
Sou da teia, o fio
Sou uma face tua,
Bordadeira de memória,
A recordar a minha, a tua,
a nossa história.
20/02/22